Versailles

Aprendi a assistir séries na Netflix. Pensa que eu achava muito chato um filme que não acaba nunca. Faz dias que estou assistindo Versailles, a série. E sem poder comentar com a amiga que insistiu que eu aderisse á Netflix. O fato é que meu resfriado está me favorecendo. Hoje foi o primeiro dia sem febre e bem mais disposta. Aproveitei para lavar a roupa suja, entre um capítulo e outro. Eu já desisti de entender as mulheres. Quanto mais apaixonadas mais distantes ficam.

Roupa suja se lava em casa. Ontem, fui dormir pensando na quantidade de roupas, comidas e serviçais necessários para sustentar o palácio de Versailles e sua nobreza incapaz de lavar um copo. 700 quartos, já imaginou?

Que vida besta, passavam o dia jogando cartas, trepando e fofocando. Ninguém fala dos piolhos, mas certamente eles se divertiam ali também.

A coisa mais legal para se fazer ali era cavalgar e caçar, e a segunda esposa do irmão gay do Rei, uma alemã super sincera, e portanto excluída da hipocrisia local, sabia disto. Eu não sei se mais pra frente na história ela será a preferida do Rei. Eu acho que sim.

Quanto estive em Versailles e no castelo ao lado, lembro-me que o que unia os dois era um bosque enorme onde o Rei ia caçar com sua amada amante, e que após sua morte ela deixa de ser bajulada pela corte e morre em depressão e solidão no castelo do jardim mais bonito, na minha opinião.

Cheverny é o nome do Castelo que mais me encantou. Tem uma distância de 200km de Paris. Adoro histórias de amor. Ali ocorreu uma que gostei de ouvir e imaginar. Mas tô achando longe este castelo do Palácio de Versailles, não sei bem aí certo como rolou o romance.

Se quiser dar uma olhada neste link vai descobrir coisas interessantes:

Vale do Loire na França: castelos, vinhos e muitas dicas

A solidão do rei e o fato dele não ter amigos confiáveis me chama muito a atenção. O jardineiro e seu empregado pessoal eram seus maiores amigos. Claro que ele não sentava para conversar com ninguém. Só ele falava. Não havia diálogo. O que ele queria era a lei. O que o outro queria inexistia. Sem acordos.

Adorei a esposa espanhola dele que trepou com um rei africano e só fez o Rei Luis XIV saber disto quando pariu uma menina preta, a qual foi banida da corte obviamente. Espanhola fogosa que depois resolve dedicar todo o seu tesão ao Deus católico. Século 17 deve ter sido divertido.

Muita fome, muito medo e muitos impostos sempre sustentaram os caprichos de quem impera. Eu estou até agora me perguntando quem lavava tanta roupa? Quem as passava? E os sapatos do Rei Sol quem os fabricava?

700 hectares de jardim. É grandioso demais. Eu me lembro da inesquecível sala dos espelhos. Mas senti vergonha quando visitei este Palácio.

Não dá para não sentir vergonha de tanta desigualdade social. Fazer um povo passar fome para se ter cada vez mais luxo, é sempre vergonhoso aos meus olhos.

O poder que nasce na exploração dos que confiam em alguém, não pode ser considerado poder, mas abuso.

É claro que me divirto com o filme, não fico pensando em quem está passando fome para o Rei realizar seus caprichos, mas o envenenamento por arsênico é sempre impressionante. Ainda bem que o médico alemão Hanneman, fundador da homeopatia em 1779, ou seja 10 anos antes da queda da bastilha, teve vida na França. Por que? Porque ele sabia transformar veneno em remédio e curar as pessoas. O remédio chamado arsênico é excelente para pessoas que sofrem com a ansiedade dos intestinos.

Christian Friedrich Samuel Hahnemann foi um médico alemão, fundador da homeopatia em 1779.
Nascimento: 10 de abril de 1755, Meißen, Alemanha
Falecimento: 2 de julho de 1843, Paris, França
Cônjuge: Mélanie Hahnemann (de 1835 a 1843), mais
Formação: Universidade de Erlangen-Nuremberga (1779), Universidade de Leipzig

Os médicos do filme são bem interessantes, cheio das ervas e do raciocínio por hipóteses, sem promessas de cura, do jeito que eu adoro.

Não se fala em sífilis, gonorréia e outras doenças sexualmente transmissíveis neste filme, mas acho que deveria ser muito comum tamanha a promiscuidade. Se não me engano, eles usavam camisinha feita de tripa de carneiro, mas não sei se isto é lenda. No filme, nem tomar banho eles tomam, quanto mais usar tripa na genitália.

Sabe qual era o sonho do Rei Luis XIV? Não ser esquecido após sua morte. Ele queria ser lembrado como o Rei Sol. E você quer ser lembrado como, após sua morte?

Deixe um comentário